quarta-feira, abril 21, 2004

Um novo mesmo

O dia despertou, uma névoa densa e rasteira a ensombra-lo. O sol da manhã tinha sido roubado, algo privava a alegria de despertar, mas não, era apenas a tristeza nostalgica da noite que se elevava aos ceús para se diluir.
O dia está cinzento, mas eu apenas afago as gotas de chuva que batem contra o rosto e inspiro o cheiro a terra molhada.
Hoje sinto-me bem, satisfeito, repleto. Arrebatador. Sinto-me edificado no meu castelo e nada será capaz de o desmoronar. Não hoje.
Não é de agora este estado, mas nesta desordem matinal liberto-me da escravidão dos dias, sinto o tédio esbater-se. Não é d’hoje, mas mais hoje.
Normalmente sobrevivemos, mas hoje não pretendo o Sobre, quero elever-me na minha loucura, hoje apenas pretendo o Vivemos. Não é d’hoje, mas mais hoje.
Sinto-me capaz de pintar sonhos a florescerem rebeldes, soltos, livres, meus.
Respirar o ar.
Ver a luz.
Sentir a energia.
Viver o momento.
O amparo da minha loucura. Mas no fundo somos todos loucos, melancólicos ou energéticos, mas loucos por viver.
Porquê? Sempre as questões, os porquês. Não aceitamos apenas existir... existe, sinto. Porque sim, não por ninguém, apenas por mim. Essa é a chave, o resto é a vida... minha.

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