segunda-feira, abril 19, 2004

Reflexos


Entrei na sala, como sempre fizera, mas hoje diferente. Parei, olhei, lá estavas tu imóvel, senti frio. Fitado por um olhar penetrante, que apenas reage aos meus movimentos.
Sentei-me
Sentaste-te.
Olhos castanhos escuros, escuros e perspicazes. Sinto-me observado, analisado, sei que já viste, já sabes. Posso enganar qualquer pessoa, não importa qual, mas não a ti, nunca consegui, já nem tento. Tudo em mim fica à flor da pele, os meus mais profundos segredos tornam-se superficiais.
Estou em agonia e digo que sou feliz, sinto-me apaixonado e faço-me apático. Mas perante os teus olhos não posso, não consigo. Nesse olhar revejo o meu brilho e a minha sombra... nos olhos castanhos.
Hoje não, não me quero mostrar. Apago a luz, já não me vejo. Não quero sentir-te imergir, hoje quero esconder este segredo com um doce sabor a fel.
Ignoro.
Como sempre fizera, mas hoje diferente, apenas.

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