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Entrei na sala, como sempre fizera, mas hoje diferente. Parei, olhei, lá estavas tu imóvel, senti frio. Fitado por um olhar penetrante, que apenas reage aos meus movimentos.
Sentei-me
Sentaste-te.
Olhos castanhos escuros, escuros e perspicazes. Sinto-me observado, analisado, sei que já viste, já sabes. Posso enganar qualquer pessoa, não importa qual, mas não a ti, nunca consegui, já nem tento. Tudo em mim fica à flor da pele, os meus mais profundos segredos tornam-se superficiais.
Estou em agonia e digo que sou feliz, sinto-me apaixonado e faço-me apático. Mas perante os teus olhos não posso, não consigo. Nesse olhar revejo o meu brilho e a minha sombra... nos olhos castanhos.
Hoje não, não me quero mostrar. Apago a luz, já não me vejo. Não quero sentir-te imergir, hoje quero esconder este segredo com um doce sabor a fel.
Ignoro.
Como sempre fizera, mas hoje diferente, apenas.
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