domingo, outubro 17, 2004

Gladiadores

Acabei de vêr a primeira parte do SLB 0 - FCP 1. Grande golo do MAcarthy que retirou o ânimo aos benfiquistas, mas deixando os pormenores do jogo de lado, ocurreu-me um pensamento sobre a evolução da humanidade.

Coliseu de Roma na altura em que a Europa era sucessivamente romanizada por esse império que reinou durante séculos.
Uma arena repleta de romanos ávidos de verem a morte ao vivo de diversas maneiras nos "jogos" que divirtam as massas. Cristãos devorados por esfomeados leões; gladiadores que lutavam pelo seu único bem que lhes pertencia: a vida. Vencia o mais forte, em que alma do mais fraco era ceifada pela Morte. Os gritos romanos e entregues aquela barbárie pulverizavam o ar de loucura. Aplausos soltos e aclamações ao seu gladiador preferido vencia mais um combate, mais uma batalha sobre a sua própria vida. A arena era manchada de sangue, onde lanças quebradas pela violência do jogo se espalhavam pela areia; cadáveres a serem arrastados para fora da arena por não terem já nenhuma utilidade. ISto, e muitos mais jogos de entretenimento de Morte, barbárie e grosseria para divertir um império infectado pela loucura que advém de excesso de poder.

Dias actuais.......

Estádio da Luz. 60.000 pessoas a torcerem pela sua equipa num Benfica - Porto onde os poucos adeptos portistas soltam gritos de alegria quando Macarthy marca um golo de levantar os próprios Deuses das bancadas. Acabou de serem expulsos um jogador de cada equipa por uma troca de gestos impróprios da conduta de um jogador. O relvado ainda continua verde e nem uma única gota de sabgue a manchar a arena. Mesmo que a equipa da maioria massa adepta do seu clube perca, todos regressarão a casa, pois descarregaram num jogo toda a lixeira acumulada nas suas rotineiras vidas. Coloriram com os cachecóis; brindam os seus jogadores de aplausos quando alguém brilha na saudável peleja.
Independentemente do resultado, toda a multidão regressará a casa com os lances na sua memória, com a cor, com os cânticos que ainda soam nas mentes dos amantes do futebol, e os gladiadores dos tempos modernos - os jogadores, descançam e treinam para o próximo "combate".

Quem diz que o mundo caminha para o fim, digo que discordo por completo. Vivemos uma época efémera com o grave e delicado cancro, que tem atordoado o mundo de violência com o terrorismo; morrem não sei quantas crianças à fome num segundo; corrupção em todos os sectores governamentais, o flagelo hediondo da pedofília, em que os pederastas ainda molestam milhares de crianças no escuro e em segredo.
Acredito na evolução da humanidade. No outro dia li num artefacto que "quando nasce uma criança nasce uma nova esperança". Não direi que o mundo é belo, pois não o é, mas acredito convictamente que cada um de nós pode contribuir para a sua evolução. Tapo os meus ouvidos a quem diz ignomínias sobre " isto cada vez está pior" sem mover uma palha. É claro que não sou detentor de uma moral bíblica pois isso ninguém, mas um simples acreditar já é uma contribuição significativa para a evolução da humanidade, porque enquanto formos vivos devemos dar um contributo ao mundo. Identifico-me com a frase de um filósofo grego que "não sou nem grego nem troiano; sou um simples cidadão do mundo".

Sendo mais realista, vejo no meu país pessoas a queixarem-se de barriga cheia. Para eles é-lhes mais fácil dizer que as coisas estão piores sem recorrerem às histórias comuns dos nossos pais na altura em que pão e água eram bens preciosos. Hoje, ouvindo o que as pessoas que muito o seu nariz torcem ao trabalho me dizem, talvez os bens preciosos sejam outros.
Séneca disse que o mais sábio dos homens é aquele que pouco tem. É utópico em dias que, felizmente, os restaurantes, cinemas, teatros, estádios de futebol, discotecas e outras arenas para continuarem a divertir as massas, as pessoas deixarem seus lamentos de lado, e olharem com uma mente aberta que uma grande parte da população mundial daría tudo para terem o seu "pouco" de que tanto se lamentam.

Vou acabar de ver o jogo, polémico por um golo claríssimo por parte dos "gladiadores vermelhos".

Edmond

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