quinta-feira, agosto 19, 2004

O meu lado doméstico

Pelos caminhos árduos da vida quotidiana, e por um traçar de objectivos já há muito traçados, estou nos dias presentes a morar sozinho. Sozinho por completo, não é bem. Divido a minha pequena moradia com a Biatriz, e os seus cinco filhotes. Sim, filhotes, porque esses benditos e mimosos animais que são os gatos, levaram à letra tudo o que Jesus Cristo disse um dia: "Unide-vos e multiplicai-vos". A parte do "multiplicai-vos é que foi pior porque a formosa Biatriz, multiplicou por 5.

Vai daí, a minha vida tem sido o desempenho da parte paternal, visto o autor da multiplicação estar a morar noutra casa, acompanhada de mais 4 gatos: um que destroi por completo a casa à dona, o outro que faz "renhau renhu" e tem uma fístula, o outro que come que nem um alarvo e depois vomita o que ingeriu e outro que come o vomitado deste último, que mancha a reputação à comunidade felina por terem fama de serem limpos.

Logo pela manhã, sou acordado por aqueles diabretes a morderem-me os pés e arranharem-me as pernas, enquanto a mãe deles mia incessantemente, "cravando" comida, porque aquela que lhe tinha colocado no prato às 2 da manhã quando fui acordado por uma disputa futebolística por aqueles pequenos seres, já no seu prato não havia.

Partem tudo. São mais destruidores do que esse guru da destruição, Silvester Stallone, o da fitinha "gay" na cabeça. ainda hoje de manhã, vi espalhado pelo chão um monte de cinza e algumas piriscas, abonando à hecatombe um cinzeiro partido. Desde colchas manchadas de urina ainda fresca e acabadinha de sair de suas bexigas; areia espalhada pelo quarto com a fragrância a merda, comida derramada pelo chão, roupa interior guardada em gavetas juntamente com os gatos que nos surpreendem com uns pequenos olhos que brilham no escuro; livros que não são lidos mas sim arranhados; o latir de cães raivosos dos vizinhos que rasgam o silêncio com os seus horrendos uivos e latidos, a vizinha de cima que às 3 da manhã decide que o móvel não está no lugar certo, arrastando-o "silenciosamente"; a roupa para lavar, aquela que está para estender, o lixo para despejar, a loiça para lavar, a que está para guardar, os restos de comida do dia anterior, a fruta podre que foi esquecida de ser consumida, o leite ressequido que os gatos não beberam, o chão imundo por esfregar, o pó, as janelas que não deixam ver para o outro lado por serem o cúmulo da sujidade, as contas para pagar, comida, água, luz, gás, prestação da casa, seguros, prendas, jantares, comida para gatos, areia para gatos, arranhador para gatos, gatos, enfim..., as unhas para cortar, a barba por fazer, o suor, a cera nos ouvidos, caspa, pé de atleta, herpes labial, farelo para tirar do corpo........

Eu ainda estou surpreendido comigo mesmo como é que me sinto uma pessoa tão equilibrada....

Adieu e...."Miauuuu"

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