quarta-feira, novembro 03, 2004

Concorrência critica

"Finanças dão depósitos de tesouraria ao BCP
Os milhões de euros de organismos públicos passam para o BCP. Concorrência critica

O ministério das Finanças concedeu ao Millennium bcp o direito de captar depósitos dos «organismos públicos» dependentes da Direcção-Geral do Tesouro (DGT). Serão centenas de milhões de euros mobilizados em depósitos e geridos via banco tutelado por Jardim Gonçalves e que, até ontem, passavam pela Caixa Geral de Depósitos, CGD. De fora do «negócio» acordado com o Estado estão os restantes bancos privados.

Os serviços de Bagão Félix, o ministro da Finanças, confirmaram o «protocolo» com o BCP e afirmam que «muito brevemente» serão assinados protocolos semelhantes com a generalidade da banca privada. Mas esta intenção não acalma o mercado. Altos quadros da banca comercial, concorrentes do BCP, já criticam o «documento» assinado com o BCP. «Candeia que vai à frente ilumina duas vezes», afirma um quadro bancário. Ou seja, quem chega primeiro ao mercado «tem todas as vantagens para tomar o grosso do negócio». Também os funcionários da DGT criticam o «acordo» com o BCP. «Está-se a tentar centralizar a tesouraria do Estado para um banco privado», acusam.

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As Finanças confirmam a existência de um protocolo, mas recusam a sua divulgação (ver caixa). Garantem que o mesmo documento será estendido a «curto prazo» a outros bancos, mas alguns dirigentes da administração pública não escondem fortes criticas. Acusam o Governo de «entregar a uma entidade privada» boa parte da «centralização da tesouraria do Estado» e questionam «a eventual existência» de «comissões» por serviços prestados. «Seria compreensível que um negócio destes fosse alargado a instituições como o Montepio», afirmam, justificando o «carácter mais social dessas instituições
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no Diário de Notícias

Esta é uma situação muito grave, mais do que a noticia em si pode transmitir. E já que trabalhei dois anos para um organismo público, julgo falar com conhecimento de causa.
Nem questiono a existência da Caixa Geral de Depósitos, cujo o único accionista é o Estado, mas sim o facto de há uns anos para cá os movimentos bancários feitos pelos organismos públicos deverem ser feitos Banco do Tesouro, um serviço da DGT ao qual os serviços acediam através de sistema de homebanking. O sistema funcionava, permitindo ao mesmo tempo à DGT uma aplicação e gestão eficaz dos excedentes de tesouraria, sem necessidade de recurso a crédito.

Com esta medida, acaba-se a boa gestão, pois a relação passa a ser entre o banco e o organismo sem que a DGT tenha acesso às contas dos organismos e aos tais excedentes e deitam-se os milhares de euros que custou a aplicação ao lixo e que teve como parceiro, creio, a Anderson Consulting.

Isto num País de Santanetes em que não se tem de explicar nada a ninguém...

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