quarta-feira, março 31, 2004

Tugal

Todos queremos, pensamos em elevar-nos, ser superiores à mediocridade, estar num patamar superior a esta podridão que nos rodeia, esta pestilenta banalidade.

Eu NÃO. Eu faço parte da podridão e da banalidade. Eu sou mais um ser insignificante que com outros milhões de insignificantes construimos aquilo a que chamamos a sociedade portuguesa.
Eu quero acordar às 6h da manhã e acotovelar-me pelos transportes públicos, quero sentir o odor do português que está ao meu lado no metro às 19h, quero fazer um empréstimo a 40 anos, quero coçar-los em público, quero chamar nomes ao Camacho porque o Hélder é titular e quero arrotar entre o “filho” e o “da pu#%”. No fundo quero cuspir para o chão enquanto miro a grossa do outro lado da rua e gritar como se não houvesse amanhã: “ó febra... queres fazer uma festinha ao trolha!!!”.
QUERO... ou talvez não!

Eu faço parte... eu sou... a sociedade civil(izada) portuguesa.
Eu sou o gajo que tem o Guterres com 2ª opção para as presidenciais (porque no fundo a malta não guarda rancor e a memória é curta), eu sou o gajo que não constitui arguídos no caso de Entre-os-Rios ( o que é isso mesmo??? Ah sim, a cena da ponte... tadinhos!!!), eu sou o empresário tuga que entre duas partidas de golfe na Quinta da Marinha reclama da invasão espanhola e da passividade do Estado (ya, qualquer dia ainda dizem que tenho de trabalhar...), eu sou o gajo que contesta o PEC e a má gestão do erário públicoe o ALD do meu bolide é superior aos rendimentos declarados....
Eu sou tudo isto... ou talvez não!

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